quarta-feira, 26 de outubro de 2011


No peito de todo consumidor também bate um coração

Por Paulo Prado

O mercado tomou conhecimento hoje dos ganhadores da 21 edição do prêmio Folha Top of Mind. A pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha, entrevistou 2603 pessoas (amostra A) e outras 2606 (amostra B), entre os dias 2 e 5 de agosto, em todas regiões do país.

ReferIencia para todos os que trabalham com branding, a pesquisa é reveladora dos fatores que influenciam os brasileiros nas suas escolhas, neste caso, de consumo de bens e serviços. Nesta pesquisa , pode-se dizer, é investigado o comportamento econômico dos brasileiros como consumidores, ou, para usar uma expressao em “economês”, como agentes econômicos uma vez que o consumo é uma ação econômica.
O interessante é que, muito embora publicitários, marqueteiros, gestores etc insistam que a decisão do consumidor brasileiro muitas vezes se dá na “Gondola” e, para a maioria de nós, considerando o preço mais que o “apreço”, nota-se, através da pesquisa , que marcas têm sim um apelo emocional. A lembrança de uma pode provocar sorrisos, como ressaltado num dos artigos da edição impressa do prêmio deste ano, ressuscitar memórias, “detalhes tão pequenos de nós dois – consumidor e produto”.
Algumas das estratégias consideradas as mais bem sucedidas e que ajudam a explicar a permanência ou o surgimento de uma determinada marca como a “a mais lembrada”, são exatamente  as que apelam para o coração, como, por exemplo, a usada pela Procter & Gamble na promoção das fraldas Pampers em um concurso para o Dia das Mães. Neste concurso, as mães deveriam “curtir” uma fan page, enviando uma foto do seu bebê. Apelo irresistível para qualquer um que tenha um bebê em casa e  que será sempre, aos olhos de seus  pais,  o mais lindo, o mais fofinho, o que mais merece no mundo ser “curtido”. Além dos pais, as vovós, os tios corujas, os amigos, enfim, cada bebê arrasta consigo quase sempre uma legião de “tietes”. Resultado, em 15 dias a base de fãs cresceu de mil para 35 mil!!!!
Se o caso das fraldas no ensina que o coração manda muito nas nossas escolhas de marcas,  ainda que não venhamos a adquirir o produto no momento, mas fazendo com que ele seja lembrado quando não como um sonho de consumo, há mais uma coisa por trás de quase todas as marcas e estratégias campeãs deste ano: as mídias sociais. Quem não acredita  que estas são muito importantes para a definição ou redefinição de estratégias, melhor pensar de novo. Elas devem ser consideradas  tanto quanto as mídias tradicionais.  Mas, principalmente, para fazer alguém lembrar ou “curtir “ o que quer que seja, muito mais fácil esperar que alguém  clique na página,  do que  venha a gastar minutos, quando não horas, na frente da TV, esperando passar o “anúncio” no qual toque o jingle que gosta de ouvir, ou  para ver aquela cena hilária do comercial com/do Biafra.


O prêmio  FolhaTop of Mind  deste ano mostrou duas coisas:  (1) sim, “agentes econômicos” têm um coração; (2) ele bate acelerado e conectado na rede.

Paulo Prado é publicitário, designer, sócio diretor da Prado BD, “old surfer” com alguns anos nesta e em outras “praias”.

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